É o tratamento cirúrgico com foco no alinhamento dos ossos da face que, quando desalinhados, afetam fala, respiração e/ou mordida desencadeando uma série de alterações funcionais que interferem negativamente na qualidade de vida dos pacientes. A fisionomia por consequência reflete tais anormalidades, fazendo com que a cirurgia ortognática proporcione harmonia e equilíbrio facial.

A cirurgia pode envolver tanto o maxilar superior quanto o inferior. A definição da amplitude da cirurgia é determinada a partir do diagnóstico a ser realizado após consultas e exames minuciosos do paciente.

Podemos segmentar as cirurgias ortognáticas em 3 frentes, Face, Respiração e Mordida.

Face
A face é composta por várias partes, que unidas, formam o rosto. O resultado estético /da beleza facial decorre da harmonia na junção das partes da face formadas por tecidos duros e ossos. Quando uma ou mais dessas partes encontram-se em desarmonia, a estética pode ficar comprometida.

Respiração
Os ossos da face dão suporte para a entrada do ar no nosso corpo, a qual denominamos respiração. Quando os ossos estão desalinhados, o ar encontra obstáculos e não faz o seu caminho natural, provocando distúrbios do sono tais como ronco, sono intermitente e apneia obstrutiva. A cirurgia ortognática pode corrigir a posição dos ossos, permitindo que o ar circule corretamente sem obstáculos melhorando consideravelmente a qualidade de vida do paciente.

Mordida
A mordida adequada é formada pelo perfeito alinhamento entre os maxilares e a dentição superior e inferior. Qualquer alteração entre eles pode provocar problemas de oclusão, abrangendo inclusive as ATM’s (articulações têmporo-mandibulares).

Oclusão Funcional
A oclusão ideal é formada pela boa relação entre a mandíbula e maxila, dentes, músculos e os ligamentos periodontais. Para um cirurgião bucomaxilofacial, entende-se por ideal tanto a boa relação entre as partes garantindo suas funcionalidades quanto os benefícios estéticos da face.

Mordida funcional
A correção da mordida passa por uma consulta com equipe multidisciplinar. O planejamento da correção da mordida envolve um levantamento preciso, com dados sobre tamanhos e formatos dos dentes para análise exata dos pontos de contato entre eles que serão lapidados para a perfeita oclusão envolvendo redefinição do formato e tamanho quando necessário para atingir o equilíbrio pretendido.

O planejamento moderno da cirurgia ortognática envolve uma visão multidisciplinar, onde cada especialidade, de forma organizada, precisa e previsível apresentará sua proposta dentro do plano de tratamento, fazendo com que o paciente esteja seguro e informado sobre todos os passos, prazos e resultados, de acordo com uma expectativa real.

Um tratamento para correção adequada dos dentes e da estrutura facial, que objetiva a melhora da qualidade de vida do paciente, pode envolver uma equipe multidisciplinar que é composta por dentistas restauradores, ortodontistas, cirurgião bucomaxilofacial e ainda com a possibilidade de associação com médicos otorrinolaringologistas e cirurgiões plásticos.

A amplitude do tratamento com a indicação dos profissionais é feita com base em cada paciente e após uma série de exames e análises conjuntas.

A cirurgia ortogántica não deixa cicatrizes no rosto. O procedimento cirúrgico é realizado por acesso intra-oral (por dentro da boca). Dessa forma, as cicatrizes são internas.

A cirurgia consiste em realizar segmentações ósseas pré-definidas para correção conforme planejamento feito antecipadamente, e fixadas com placas e parafusos específicos para cirurgias desse porte.

Não, não há necessidade de ficar com a boca amarrada. O pós-cirúrgico contempla a utilização de elásticos durante um período de tempo pré-determinado para garantir a oclusão desejada.

Geralmente o paciente é liberado no dia seguinte da internação podendo se recuperar completamente no conforto da sua casa.

Após uma cirurgia que envolve as estruturas da face, podem ser necessários os seguintes cuidados nos primeiros meses:

Higiene bucal: para evitar complicações pós-cirurgicas tais como inflamações, a higiene bucal deve ser cuidadosamente realizada pelo paciente após todas as refeições, através de solução específica a base de clorexedina.

Alimentação: nos primeiros 5 dias a alimentação deverá ser líquida/liquidificada, podendo ser líquidos espessos, porém sem resíduos sólidos. Após este período passa-se a alimentação pastosa/semi-sólida, já podendo ter temperatura morna a quente e evitando o esforço mastigatório na área operada.O cirurgião acompanhará a evolução da recuperação indicando a liberação da consistência ao longo das semanas.

Repouso: Como qualquer cirurgia, é indicado repouso relativo na primeira semana e afastamento das atividades normais por até duas semanas. Durante as consultas posteriores ao procedimento, o cirurgião avaliará o retorno às atividades de rotina conforme a recuperação do paciente.

Medicação: o cirurgião responsável pelo procedimento dará as recomendações das medicações pós-operatórias para o completo restabelecimento do paciente. Geralmente são indicados antibióticos, anti-inflamatórios, relaxante muscular, analgésico e protetor gástrico, além de medicamentos de uso externo, tais como solucão para bochecho, pomada para hidratação labial, solução para higiene nasal e pomada para casos de arroxeados ou equimoses faciais.

Sinais de inchaço (edema), equimose e/ou hematoma em maior ou menor proporção são esperados no pós-cirurgicos de uma cirurgia ortognática, que deve ser amenizado e desaparecer ao longo dos dias variando conforme cada paciente.

Normalmente após 2 semanas os pacientes já estão liberados para retorno às suas atividades profissionais, desde que resguardados de esforço físico.

Durante algumas semanas após a cirurgia, alguns pacientes ficam com parestesia, que é uma modificação temporária da sensibilidade na área operada, com sensação de anestesia parcial, que não implica na perda da sua função. Esse fato acaba por contribuir para um pós-operatório com menor dor. A realização de sessões de fonoaudiologia e fisioterapia especializada aceleram a recuperação do paciente.

Na sua maioria, a parestesia da região mediana da face, envolvendo região lateral do nariz, lábio superior e dentes superiores costuma ser menos intensa e mais benigna, sofrendo regressão mais precoce do que a parestesia da região inferior, envolvendo lábio inferior e queixo.

Em se tratando de cirurgia ortognática, a anestesia será geral.

Depende da extensão da cirurgia. As cirurgias mais extensas com anestesia geral necessitam na sua grande maioria, 24 horas de internação. As de menor porte podem ser realizadas com alta no mesmo dia da cirurgia.

As atividades físicas podem ser retomadas de 7 a 21 dias após a cirurgia, dependendo do seu porte. Após a cirurgia esse prazo poderá ser melhor discutido juntamente com o seu cirurgião.

É muito raro uma cirurgia ortognática apresentar complicação, desde que tomadas as precauções e utilizados todos os critérios técnicos. Isso significa que deve haver uma preparação para o ato da cirurgia, considerando os exames, local e anestesia adequados a cada caso.

A cirurgia ortognática, devido a evolução da técnica, é realizada na sua totalidade por acessos intra-orais (por dentro da boca) e a sutura destes acessos é feita através de pontos com fios absorvíveis, o que faz desnecessária a retirada dos pontos após a cirurgia.

Como qualquer pós-operatório, na cirurgia ortognática pode se esperar alguma dor, que será devidamente reduzida ou eliminada com os medicamentos analgésicos receitados pelo cirurgião no pós-cirúrgico. Vale lembrar que a tolerância a dor é um fenômeno de caráter individual, que faz com que cada paciente tenha possibilidade de experiência diferente frente a mesma cirurgia.

Em uma cirurgia na qual a arcada dentária já se encontra adequada, ou seja, sem a necessidade de utilização de aparelhos ortodônticos, o paciente já se encontra preparado para o procedimento e portanto o resultado é mais breve com exceção do evento pós-cirúrgico.

Já nas cirurgias em que há necessidade de reposicionamento dos dentes, portanto incluindo o processo de aparelhos ortodônticos, o tempo de preparo pode se estender por 6 A 18 meses a depender de cada caso.

O resultado da cirurgia poderá ser visto na medida em que o edema pós-operatorio regredir o suficiente para esta análise.

Vale a pena salientar que o edema depende de vários fatores, como a dimensão da cirurgia, técnica cirúrgica empregada, uso adequado de medicamentos preventivos quando se inicia o procedimento anestésico, idade do paciente, cuidados pós-cirúrgicos adequados, além da individualidade ao edema de cada paciente.

Em média, para procedimentos de cirurgia ortognática, após 15 dias os pacientes já apresentam uma fisionomia apresentável e sem evidências cirúrgicas, mas este processo costuma ser progressivo e se desenvolver até o sexto mes pós-cirúrgico.

A cirurgia ortognática está indicada em várias situações, isoladamente ou pela combinação entre duas ou mais delas, que são:

a) alteração da oclusão (mordida) devido a uma desproporção óssea, não exclusivamente dos dentes;

b) alteração da fisionomia, do contorno facial e das estruturas faciais, bem como as assimetrias de face, desproporções esqueléticas entre as bases ósseas (maxila e mandíbula);

c) comprometimento da qualidade respiratória devido a atresia da coluna aérea ocasionada pelo indevido desenvolvimento maxilomandibular;

d) patologias articulares relacionadas com o crescimento facial, tal como a hiperplasia condilar, onde o crescimento ocorre de maneira desigual , gerando assimetria de face (o que nos remete ao item b).

A má oclusão dentária pode ocorrer por diversos fatores:

• herança genética
• fatores externos (perda precoce da dentição, problemas respiratórios, etc)
• discrepância entre tamanho e ajuste entre as arcadas
• desalinhamento do posicionamento entre os dentes
• espaçamento inadequado entre os dentes
• diferenças entre tamanhos e alturas dos dentes

Na primeira consulta, o cirurgião fará uma análise da face e da cavidade oral bem como os exames complementares de Raio X, Tomografia Computadorizada ou Ressonância Magnética em alguns casos, assim que realizados.
Serão discutidas as queixas relacionadas com a harmonia e equilíbrio da face e da oclusão do paciente, problemas respiratórios e histórico médico. Oportunamente serão realizadas fotografias para registro das imagens completas do paciente, bem como escaneamento das arcadas em alguns casos para obtenção dos modelos impressos para a devida avaliação dos dentes e da mordida.
Com base nessas informações, o cirurgião poderá preparar o planejamento ideal para cada caso.